sexta-feira, 18 de março de 2011

SBT contrata jornalista polêmica que criticou Carnaval

Rachel Sheherazade - a jornalista que foi notícia na semana passada, após afirmar que o Carnaval "virou negócio dos ricos" e que "só dá lucro para donos de cervejaria, para proprietários de trios elétricos e uns poucos artistas baianos" - é a mais nova contratada do SBT.

Rachel fechou contrato com o SBT na última segunda-feira (14) e já procura casa para morar em São Paulo.

Ainda não está definido o que ela fará na emissora, mas é muito provável que entrará na bancada de algum telejornal. Ela ainda passará por um treinamento. No SBT, especula-se que ela poderá substituir Carlos Nascimento no Jornal do SBT Noite.

De férias em Orlando, nos Estados Unidos, Silvio Santos e Daniela Beyruti (diretora-geral do SBT) viram na internet o vídeo em que Rachel critica duramente o Carnaval. O apresentador gostou da sinceridade da moça e mandou contratá-la.

Rachel trabalhava na TV Tambaú, afiliada do SBT em João Pessoa, Paraíba. No jornal local Tambaú Notícias, exibido às 13h, ela entrevistava personalidades regionais e fazia comentários.

Na semana passada, ela tratou do Carnaval em seus editoriais (veja o vídeo abaixo). A opinião de Rachel, contrariando o discurso hegemônico de que o Carnaval não é uma festa popular, foi parar nos trending topics do Twitter - ou seja, foi um dos assuntos mais comentados na rede social.

No YouTube, uma das cópias do vídeo já teve mais de 500 mil acessos.

Fonte: R7

segunda-feira, 14 de março de 2011

Deputado Tiririca volta às gravações do Show do Tom


Francisco Everardo de Oliveira (PR), o Tiririca, não conseguiu ficar muito tempo longe das gravações. Eleito deputado federal em 2010, o humorista já marcou presença na Câmara, inclusive na polêmica votação do salário mínimo, e agora voltou a enfrentar as câmeras.

Tom Cavalcante, que comanda o Show do Tom pela TV Record, postou uma foto no seu microblog twitter, ao lado de Tiririca, nas filmagens do Bofe de Elite, em São Paulo. "Gravando o Bofe. Capitão Sentimento e Comandante Tiririca", disse.


Fonte: Ceará Agora

Caso Daniel: Corpo era mesmo do garoto

Diário do Nordeste Online

Exame de DNA comprova que o corpo enterrado há 12 anos no cemitério São Miguel no Distrito de Lagoa do Mato, em Itatira, é mesmo do garoto Francisco Daniel Alves Prado, morto em explosão.

A perícia forense coletou material e realizou o exame de DNA. O resultou saiu na
tarde desta segunda-feira, após quase 1 mês de espera.

A responsável pela apuração é a delegada Ivana Timbó, da delegacia da Dececa.

Mais informações na edição desta terça-feira do Diário do Nordeste.

Entenda o caso

O garoto foi vítima de uma explosão em uma oficina de reparos de automóveis em Lagoa do Mato. No último dia 9 de fevereiro, uma mulher paulista de Araçoiaba da Serra, ligou para o Cartório de Ofício, em Itatira, para tirar uma segunda via da Certidão de Nascimento de Francisco Daniel Alves Prado. A dona do cartório estranhou a situação e entrou em contato com a família de Daniel, que solicitou a exumação e exame de DNA.

Fonte: Diário do Nordeste

domingo, 13 de março de 2011

"Tudo é Possível" recebe Gianne Albertoni e Geisy Arruda

O "Tudo é Possível" deste domingo (13), recebe convidados especiais no “Bar do Tudo é Possível”. Gianne Albertoni, Fernando Pavão, Bruno Ferrari e Geisy Arruda se reúnem no palco e enfrentam os finalistas do concurso do “O Maior Imitador do Brasil” em provas divertidas.

No musical, Gustavo Lima com a música “Minha mulher não deixa não” e a resposta da banda Los Borrachos cantando “Vou sim, minha mulher não manda em mim”.

Para quem está sem ideia para decorar sua casa, o quadro “Me Ajuda Fábio Arruda” dá várias dicas sobre o assunto e mostra o passo a passo da transformação da casa de uma telespectadora.

E ainda: mais uma etapa do concurso “O Maior Imitador do Brasil” e um episódio inédito do “Diário do Manguaça”, no qual o humorista enfrenta jacarés.

O "Tudo é Possível" vai ao ar ao meio-dia, na Record.

Na Telinha

Eliana faz homenagem à Clodovil Hernandez

Neste domingo (13), no programa "Eliana", o trio Wilson, Gerson e Daniel, do "Ciência Em Show", ensina como se proteger dos raios e conta o que é mito e o que é verdade sobre o tema. A cantora Fernanda Brum participa do quadro "Tem Um Cantor Gospel Lá em Casa", aconselhando os participantes Eveline, Edu e Ananda.

Eliana faz uma homenagem ao inesquecível e polêmico Clodovil Hernandez, mostrando um VT com diversos momentos do estilista na televisão. No quadro "Adóoogo", Dicésar mostra os destaque do carnaval de Salvador.

O programa ainda relembra a história do leão Ariel, que emocionou o Brasil. O biólogo Sergio Rangel viajou para Maringá para mostrar o estado de saúde do animal.

A apresentadora traz ao palco o trio Uva Passa, que é composto por três mulheres com mais de 50 anos, que encaram essa fase da vida com muito bom humor.

O programa "Eliana" vai ao ar a partir das 15h, no SBT.

(Na Telinha)

Audiência do Campeonato Paulista cai 30% na Globo


A Globo amarga uma das piores audiências na exibição do Campeonato Paulista.Neste ano, o total de 16 partidas exibidas até agora marcou média de 18 pontos de audiência.Cada ponto corresponde a 58 mil domicílios na Grande São Paulo.A queda é de quase 30% com relação a 2004, quando 17 partidas registraram na emissora média de 25,6 pontos.Mesmo com a reta final do campeonato por vir, dificilmente essa média vai subir muito.

A informação é da coluna Outro Canal, assinada por Keila Jimenez e publicada naFolha desta sexta-feira (11).

Zeca Camargo entrevista Shakira na Argentina


Em turnê pela América Latina, Shakira deu poucas entrevistas, uma delas, a única a um brasileiro, para Zeca Camargo, do “Fantástico”. A escolha não foi à toa: é a terceira vez que ela e o jornalista se reúnem para um papo.

O encontro foi no Hotel El Colibri, uma estância nos arredores de Córdoba onde ela estava hospedada. Depois da Argentina, a cantora vai fazer shows no Brasil e passará por Porto Alegre, Brasília e São Paulo.

Shakira falou de música e de como lida com o fato de ser uma celebridade mundial.

Fonte: Outro Canal

Rebeldia e tradição conviveram em sítio no Crato, sul do Ceará

São Paulo - Ao mesmo tempo em que surgia a política do café com leite, que alternava na Presidência da República representantes da elite agropecuária paulista e mineira, o beato negro José Lourenço formava uma comunidade cooperativa que cultivava frutas, cereais, hortaliças e algodão no sítio Baixa D’Antas. A propriedade, localizada na cidade do Crato, ao sul do Ceará, fora cedida pelo padre Cícero Romão Batista. Era o ano de 1894. Tudo ia bem até 1921, quando o boato de que um boi estava sendo adorado pelos camponeses levou Lourenço à prisão por quase um mês.

Naquela época havia uma cruzada contra o fanatismo na região, de cunho religioso e político. Apesar de seu carisma, que atraía romarias de vários estados nordestinos à vizinha Juazeiro do Norte, o Padim Ciço, eminência parda na política cearense, estava na mira de investigações da Santa Sé. Em 1889, enquanto ele celebrava uma missa, a beata Maria de Araújo não teria deglutido a hóstia consagrada, supostamente transformada em sangue. O fato teria se repetido outras vezes e logo os fieis entenderam se tratar de um milagre de derramamento do sangue de Jesus Cristo. A história se espalhou e desagradou o Vaticano, que cassou a ordenação do sacerdote.

O sítio logo foi vendido e os camponeses foram expulsos pelo novo proprietário. Seguiram então para o sítio do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, no Crato, que também pertencia ao padre. Famílias de todo o Nordeste, a maioria vindas do Rio Grande do Norte e de Alagoas, passaram a viver de trabalho e oração, produzindo de maneira cooperativa e autossuficiente, armazenando a produção para distribuição conforme a necessidade de cada família. Do Ceará não tinha muitas. O Padre Cícero não era bem visto por parte dos cearenses devido a suas alianças políticas com os coronéis.

Rebeldia versus tradição

O professor da Universidade Federal do Ceará Francisco Regis Lopes Ramos, especialista em história da religiosidade, observa que o aspecto religioso, muito forte, explica o caráter da comunidade que tinha como princípio básico a irmandade – todos eram iguais porque todos eram irmãos, filhos de Deus. “Esse discurso do Padre Cícero e do Beato Lourenço, muito parecido com o de outras lideranças religiosas, como Antonio Conselheiro, de Canudos, não era novo”, afirma Ramos. “A novidade foi colocar isso em prática de maneira radical, numa espécie de rebeldia no meio da tradição. Ou seja, a partir da tradição criou-se algo novo, que contrasta com o latifúndio, a exploração, a diferença de classe.”

Em 1932, quando houve uma grande seca e o governo implantou campos de concentração para impedir a ida de retirantes para a capital Fortaleza (o episódio é tema de reportagem da edição 57 da Revista do Brasil), o Caldeirão acolheu muitos desses flagelados. A irmandade, até então pequena, praticamente dobrou de tamanho. Mais do que água e comida, o que atraía pessoas para lá era a religião. “Muitos que estavam ali até tinham terras, mas queriam viver conforme entendiam ser a vontade divina”, destaca Ramos. “Até porque se miséria explicasse a criação de núcleos como esse, teríamos hoje em dia vários espalhados pela periferia das grandes cidades”.

Embora localizado no Crato, o sítio poderia ser considerado uma comunidade de Juazeiro. Simbolicamente, seu líder era o padre Cícero, de quem José Lourenço era devoto. Em 1934, com a morte do sacerdote, muitos fiéis que faziam romaria para Juazeiro enxergaram na irmandade a continuação de Juazeiro. O movimento migratório para lá cresceu muito e passou a chamar a atenção das autoridades. Tanto que em 1936 os camponeses foram expulsos por forças militares. Para o estado, muita gente junta daquela maneira significava um movimento perigoso. Lembrava Canudos.

Ameaça comunista

As elites cearenses consideravam José Lourenço um líder capaz de organizar levantes contra a ordem pública, um comunista, e queriam o fim do Caldeirão. Mas a incômoda ligação entre ele e Padre Cícero desestimulava qualquer ação. Com a sua morte em 1934, deixando suas terras, inclusive a do sítio, para a Ordem dos Salesianos, os novos proprietários passaram a cobrar tributos. Dois anos depois, religiosos, políticos e policiais se reuniram para discutir a comunidade que incomodava tanta gente importante. O temor era que a guerra de Canudos se repetisse ali. Quatro décadas antes, os seguidores do beato Antonio Conselheiro resistiram e derrotaram o exército várias vezes até serem massacrados. Havia também o temor de que líderes marxistas tomassem o Caldeirão. Afinal, em 1935 houve levantes da intentona comunista em Recife e Natal.

No dia 11 de setembro de 1936, as forças militares cearenses invadiram o sítio. O beato José Lourenço já estava escondido nas matas da Chapada do Araripe, onde ficaria até o início de 1938. Os moradores da comunidade foram expulsos, a maioria indo viver na mata, em acampamentos precários. Os mais de 400 casebres da irmandade, segundo pesquisadores ouviram de familiares de quem viveu lá, foram queimados e a produção agrícola saqueada.

No início de 1937 surgiram rumores de que os camponeses espalhados pelas matas do Araripe atacariam o Crato. A polícia de Juazeiro mandou onze soldados para checar as informações, que acabaram em conflito com os agricultores. Segundos fontes oficiais, morreram o capitão e três praças e cinco dos seguidores de Lourenço. Segundo registros históricos, o então ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, autorizou o voo de três aparelhos do Destacamento de Aviação sobre as matas da Chapada. Era o dia 11 de maio de 1937. Conforme depoimentos de descendentes dos sobreviventes a pesquisadores, cerca de 700 lavradores foram massacrados naquela missão. Depois disso, policiais continuaram, em terra, a perseguir, prender, torturar e matar pessoas que se vestissem com roupas pretas, carregando um rosário – características dos seguidores do beato.

Em 1938, Lourenço voltou ao Caldeirão e lá ficou até ser expulso, em 1940, pelos padres salesianos. Seguiu então para Exu, cidade pernambucana localizada do outro lado da Chapada. Ali formou outra comunidade, no sítio União. Morreu em fevereiro de 1946, vitima de peste bubônica.

Massacre

Regis Lopes enxerga várias diferenças entre o Caldeirão do Crato e Canudos. Para ele, a comunidade cearense, rural, era bem menor que o arraial baiano, um núcleo urbano, que no final do século 19 chegou a ter mais de 5 mil pessoas. O professor desconhece a fonte de informações sobre o número de lavradores massacrados que chegariam a mais de 700. Pelo que ouviu em entrevistas, o número era bem menor. Mas não descarta a possibilidade de que isso tenha mesmo acontecido. “Ninguém sabe direito o que aconteceu ali”.

Para o professor de história, o beato era considerado um homem de Deus, líder, benfeitor e conselheiro. E ao contrário de Padre Cícero, que cursou seminário e sempre estudou, Lourenço era analfabeto, forjado pela tradição oral da cultura popular. “A religião, quando não tem alianças com o poder e o capital, se pauta pela sua essência, que é a fraternidade. E a essência cristã é igualitária, contrária ao dinheiro, ao materialismo. Tanto é que 50, 60 anos depois, Leonardo Boff deu visibilidade à Teologia da Libertação, condenada pelo Vaticano”, explica.

Para o professor, é equivocada a frequente idealização desses camponeses, igualando-os aos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os seguidores de Lourenço eram camponeses como quaisquer outros. A liderança fazia a diferença tanto do ponto de vista político como teocêntrico. Quem ia para o Caldeirão só ficava se concordasse com as regras impostas pelo beato. Era uma sociedade quase monárquica na qual ele reinava absoluto. Sua legitimidade sagrada vinha como uma imposição religiosa. Quem desobedecia era convidado a deixar o sítio.

“Não tinha como enganar essa estrutura. Havia uma só autoridade. Assim como era com o Antonio Conselheiro”, analisa. Como ele prossegue, nada tem a ver com o MST, um movimento democrático, que realiza assembleias, debates, discussão. “Do ponto de vista político, o MST representa uma luta moderna, democrática. O Caldeirão era um movimento religioso. O ponto central do Caldeirão era a união de pessoas que queriam comungar de ideais religiosos. Só. Não era questão de luta pela terra. Agora, do ponto de vista utópico, de construção de uma sociedade nova, aí eles são semelhantes ao MST e a Canudos”.

A influência política desses beatos, conforme o especialista, ultrapassava fronteiras. Sua liderança se explica pela necessidade universal do ser humano, rico ou pobre, de respostas quanto ao sobrenatural, à morte, e não a questões naturais como o sofrimento trazido pela seca.

(Fonte: Rede Brasil Atual)

Construção civil atrai trabalhadores nordestinos para o sul do país


Quando José Elton Pereira recebeu convite para trabalhar na construção civil em Curitiba, a reação foi imediata. "Onde que é isso?", perguntou ele, que nasceu em São João, no Piauí, e já havia procurado emprego em Brasília e em São Paulo. Ele desembarcou na capital paranaense em setembro e, em janeiro, trouxe dois amigos, com os quais divide uma casa. Mas o rapaz solteiro, de 28 anos de idade, não está à vontade na cidade. "A moda daqui é diferente. A balada é outra", diz.
Osnildo de Oliveira Roseno, 27 anos, deixou a mulher em Icó, no Ceará, e veio atrás da oportunidade de atuar como carpinteiro no Sul, depois de ter tentado o mesmo em São Paulo. "Aqui é melhor. Tem menos correria", diz, sem esconder o desejo de ficar pouco tempo, porque vai ser pai em agosto. Ele hoje mora em um alojamento com outros 15 colegas, entre eles José Vicente Leandro, 42 anos, também de Icó, que planeja trazer a família que deixou na capital paulista e também os amigos. "Quem tem conhecido na região, vai chamar para vir para cá", opina ele, que veio para trabalhar na construtora Gafisa há sete meses e agora está na construtora Plaenge.
São Paulo sempre foi o Estado que mais atraiu cidadãos do Nordeste em busca de oportunidades de emprego e renda. Eles também chegaram ao Paraná no passado, principalmente para trabalhar na agricultura. O que se vê agora é o movimento de empresas e empreiteiros que vão até outros Estados atrás da mão de obra que falta no Sul. Alguns desses trabalhadores já deixaram o Nordeste anos antes e estão aceitando fazer uma nova mudança. Outros são buscados na origem.
Um dos responsáveis por contratar nordestinos para trabalhar no Paraná é Evandro Freitas, encarregado de obras de uma empresa em Campinas, a A.S. Serviços de Construção Civil, e que foi chamado pela construtora paranaense Plaenge para ajudar a erguer prédios em Curitiba. "A gente já conhece o pessoal do Nordeste que tem experiência e vai buscar", explica ele, que também deixou Icó em 1986. Freitas vive há seis meses na cidade e já trouxe 16 pessoas de fora, número que planeja aumentar para 46 em dois meses.
"Falta gente", diz Fernando Fabian, diretor e um dos sócios da Plaenge, que tem sede em Londrina (PR), faturou R$ 1 bilhão no ano passado, e vai precisar de mais gente para atingir o objetivo de crescer 50% em 2011. O empresário conta que o problema de falta de mão de obra é maior em duas cidades em que a empresa atua, Curitiba e Cuiabá (MT). Mas ainda não há o movimento de nordestinos para o Centro-Oeste.
Não é só na construção civil que as empresas encontram dificuldade para contratar pessoal no Paraná. A prefeitura de Curitiba tem organizado feiras em uma praça central da cidade para que as empresas divulguem suas vagas e disputem os que vão até o local interessados em emprego com carteira assinada. Representantes das áreas de recursos humanos de supermercadistas estão sempre presentes. No interior do Estado, cooperativas têm recorrido à contratação de índios e presidiários em regime semiaberto para manter o quadro que precisam em seus frigoríficos de aves.
A Plaenge possui 1,6 mil empregados e, segundo Fabian, o número de terceirizados chega a quatro vezes isso. "A importação de pessoal de várias cidades teve início há dois anos e há seis meses começaram a chegar trabalhadores do Nordeste", diz. A construtora montou uma escola de construção e está começando a treinar a segunda turma de pedreiros. Também decidiu incentivar mulheres com a formação de azulejistas. Quer formar 400 trabalhadores até o fim do ano e distribui panfletos nas obras para encontrar os futuros alunos.
Enquanto isso, em dois dos 16 canteiros de obras mantidos pela Plaenge em Curitiba, os nordestinos atendem por dois nomes, Paraíba ou Ceará. É comum ouvir no local alguém dizer pra levar alguma coisa que "o Paraíba está precisando". Outro nome bastante citado é "Ricardão", uma provocação para os que deixaram mulher em outro Estado. "No Ceará, chamamos de Zé da Bodega", comenta Antonio Nunes da Silva, 45 anos, que nasceu no Piauí e morou por 25 anos em São Paulo, onde ainda vivem a ex-mulher e dois filhos. "Vim conhecer um lugar diferente", diz, em uma manhã de chuva fina. "Se o frio atacar, vou ter de correr atrás de alguém", responde, ao ser questionado sobre o clima de Curitiba.
A proximidade do inverno preocupa os engenheiros que acompanham a rotina dos novos trabalhadores. "Vão enfrentar o primeiro inverno curitibano", lembra a engenheira Marilucia Oliveira, que demorou três meses para contratar um servente de pedreiro, oferecendo salário de R$ 720 mais refeição. Outro engenheiro, Marcelo Campiolo, explica que há falta de serventes porque, sempre que um vai bem na profissão, acaba sendo treinado para outras funções.
Tanto patrão como empregados dizem que o preço por metro quadrado de serviço executado é parecido no Paraná ou em São Paulo. Longe da família e vivendo em alojamento, os trabalhadores "importados" passam o maior tempo na obra e ficam em casa apenas no domingo.
Esli Carvalho Lopes, 19 anos, solteiro, aceitou o desafio de mudar de Estado para ser servente. Ele é de Abreulândia, no Tocantins, e chegou em dezembro com a intenção de ficar um ano. Mas já chamou um irmão, que "está querendo" vir. "Lá é fraco de serviço." O engenheiro Adriano Sovierzoski diz que hoje conta com 80% de trabalhadores de Curitiba e 20% de fora, em especial do Nordeste, no canteiro onde vai erguer um edifício, no bairro Campo Comprido. Mas ele acredita que a relação vai mudar com o avanço da obra. "Devemos ter uma relação quase inversa, com 60% de gente de fora", diz.

Fonte: Força Sindical